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Ao caminhar, o peso do corpo fica dividido entre o calcanhar e a parte da frente do pé. Agora, imagine o que acontece se o sapato é fechado, estreito e alto… “A carga concentra-se nos dedos e torna-se ainda mais intensa quando a mulher tem pés chatos, cavos ou joanetes. O resultado disso são calos e bolhas na sola, dor e dedos em forma de garra”, explica o ortopedista Maurício Póvoa Barbosa, da Clínica Orthobone.
Nesses casos, pode ser necessário fazer uma cirurgia corretiva e usar calçados específicos. “Para evitar esses problemas, prefira sapatos largos e confortáveis no dia-a-dia. Já os modelos altíssimos devem ser reservados para ocasiões especiais”, alerta o especialista. O salto alto é símbolo de elegância entre as mulheres. Há saltos com 5 cm, 7 cm, 10 cm, 12 cm, 15 cm, ou seja, saltos para todos os gostos. A invenção do salto alto está ligada a homens. Alguns apontam Leornardo Da Vinci como o inventor, mas a teoria mais aceita dá ao rei Luís XIV, que governou a França entre 1643 e 1715, o título de grande responsável pelo uso dos sapatos de salto alto, desenvolvidos pelos artesãos palacianos. O problema é que as mulheres estão dispostas a pagar um alto preço pelo uso contínuo, trazendo problemas à saúde.
Ao longo do tempo, os saltos muito altos mudam a conformação dos pés, porque alteram a maneira como as mulheres pisam. Segundo o Maurício, ao se equilibrar com o sapato, a concentração do peso fica restrita aos dedos. É como uma faca. Quando colocamos uma faca na vertical com a ponta para baixo, todo a pressão do peso vai para a ponta.
Outro problema é a dificuldade na flexão da planta do pé, o que prejudica a circulação e potencializa a tendência a varizes. Além disso, o salto altera a musculatura da perna, tornando os músculos mais curtos na parte traseira e mais longos na frente. Muita gente já deve ter ouvido queixas de mulheres que usam sempre salto alto e não sentem desconforto, mas quando colocam o calçado por modelos sem salto ou tênis, sentem dores na batata da perna e nos pés. Isso é sinal do encurtamento do tendão de Aquiles. Dores no joelho, no arco anterior dos pés, joanetes, calos, tendinites, unhas encravadas e danos à coluna, como lordose, são outros problemas ortopédicos causados pelo salto alto.
Por outro lado, uma pesquisa conduzida na Unicamp há alguns anos apontou uma exceção à regra: o salto alto beneficia a circulação. O estudo, que avaliou mulheres que se equilibravam em saltos de sete e 10 centímetros, comprovou que o uso do salto alto diminui a pressão nas veias. Uma pesquisa divulgada no início deste ano, realizada durante dois anos com 66 mulheres com menos de 50 anos e que não estavam na menopausa, mostrou que o uso de sapatos com salto de até sete centímetros pode ajudar a relaxar e, ao mesmo tempo, fortalecer os músculos da região pélvica, relacionados ao orgasmo. Diante disso, a médica resolveu procurar algo de positivo no uso do acessório. Por favorecer a circulação sanguínea no local, acaba por impedir que as pernas fiquem inchadas. Em contrapartida, um estudo da Sociedade Americana de Ortopedia aponta o salto alto como o vilão responsável pelo gasto de cerca de US$ 3 bilhões anuais com cirurgias nos pés
.Dica:
Conheça cinco dicas básicas para diminuir esses riscos e minimizar o impacto negativo:
1. Alternar a altura do salto
Se em um dia você usou um salto muito alto, no outro prefira modelos de até quatro centímetros de altura. A prática faz com que a musculatura fique em um estágio intermediário.
2. Modelos alternativos
Compre modelos com o bico e salto quadrado, que oferecem mais estabilidade e conforto. As plataformas, que são mais indicadas pelos ortopedistas, também são recomendadas porque distribuem melhor o peso por toda a extensão da sola.
3. Use sapatos baixos tênis para dirigir e andar a pé
Crie um novo hábito. Mantenha no carro um modelo confortável e sem salto. As mulheres que utilizam o transporte público, podem adotar o mesmo procedimento. Quando chegar ao trabalho troque pelo modelo de salto alto.
4. Massagear os pés
A massagem nos pés, ao final do dia, ajuda a restabelecer a circulação, funciona como uma prevenção a cãibras e dores musculares. Após a massagem, coloque as pernas para cima por alguns minutos.
5. Alongar a panturrilha
Um dos efeitos de saltos muito altos é o processo de encurtamento da panturrilha. Para prevenir esse impacto negativo, transforme o alongamento da panturrilha em um hábito diário. Ao chegar em casa, no final do dia, utilize um degrau para realizar um exercício simples e que ajuda a manter uma boa circulação do sangue no local: coloque metade do pé sobre o degrau e force a outra metade para baixo. Depois, faça movimentos circulares com os pés para o lado esquerdo e direito. Repita a operação nos dois pés, por 10 minutos.